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quarta-feira, 8 de julho de 2015

ENTREVISTA: Desalmado - Grindcore SP




SCUM: O último lançamento de vocês, o "Estado Escravo", aborda diretamente o capitalismo e passeia por vários âmbitos em que a "doutrina da vitória" explora e trás a tona o pior do homem e acaba em "Extinção". Como foi o processo de composição do EP?
Caio: Esse álbum foi pensado do começo ao fim, passamos praticamente um ano ajustando o detalhe de cada música, foi a primeira vez como quarteto e tínhamos tempo e espaço pra pensar e construir algo denso, orgânico, com um clima pesado. Os sons são um reflexo dos tempos atuais, as letras, o ambiente criado foi um presságio do atual momento mundial. É claro que isso é difícil de ser compreendido pela maioria dos nossos fãs, mas esse é o meu álbum preferido do Desalmado em todos os sentidos, consegui encaixar nas letras todo o meu conceito de mundo, de uma forma muito objetiva. É um álbum que vai contra a cultura do capital e sua principal ferramenta de alienação ideológica, que é a religião. Vale lembrar que ele sairá em material físico logo mais e vai contar com 2 músicas bônus. SCUM: Em tempos em que (infelizmente) temos visto bandas de grindcore e outras vertentes que anteriormente buscavam ser uma frente de luta contra todo o conservadorismo, hoje possuem discursos de ódio e defendendo a "família de bem", vocês acreditam que o público de vocês captou a mensagem do EP Estado Escravo? Caio: Não sei, talvez uma parcela, é difícil mensurar essa questão porque as pessoas se apropriam da música pelo sentimento, ignorando completamente o conteúdo da mensagem. Acredito que poucas pessoas entendem a postura politica progressista do Desalmado, mas acho isso quase que normal, ta cheio fã do Ratos, Napalm Death, Violator que são mais conservadores que minha vó, apesar de achar isso completamente maluco, não é de se surpreender muito. O que me deixa com um ponto de interrogação são algumas bandas do nosso meio ser parte desse conservadorismo, é algo que não faz sentido, o cara esta em um meio libertário e defende pautas conservadoras reacionárias? Nesse caso, se torna algo bem fora da curva, mas cada um faz o que quer do seu som, de certo mesmo, é que estaremos em uma via completamente oposta a esse pessoal e de preferencia, bem distante.

SCUM: Vocês divulgaram na página do facebook da banda um trecho de "Homicida", música que estará no split com o Homicide (SC). Como surgiu a ideia do split? Quantas músicas de cada banda ele conterá e haverá formato físico? Caio: A homicida na verdade vira no material físico do Estado escravo, junto com um cover do Venomous Concept como bônus. Sobre o split com o Homicide, foi uma ideia que não lembro se partiu de mim ou do William, mas decidimos fazer algo entre as duas bandas e serão 6 músicas para cada lado. Sou fã do Homicide, tivemos a oportunidade de tocar juntos uma vez, espero conseguir fazer uma tour com os caras para divulgar esse split. Acho que vai ser extremamente foda, provavelmente terá algo físico, estamos em contato com alguns selos. SCUM: Esse ano o Desalmado completou 11 anos, tendo aberto shows para bandas renomadas como Obituary, Entombed e Magrudergrind. Como vocês avaliam as mudanças na cena independente do início da banda para os dias atuais? Bruno: Muitas bandas surgiram por conta da moda e acabaram rapidamente. Cada vez mais temos menos locais para tocar, são poucos os que ainda resistem e tentam fazer alguma diferença. Só que, mesmo com um cenário como este, muitas bandas continuam resistindo, passando a sua mensagem, algo que é muito importante, pois vivemos em tempos em que as pessoas preferem compartilhar idéias de outros a formular as suas próprias. De positivo vejo que tem surgido muitas bandas que tem um propósito parecido com o nosso, de fazer som extremo com uma mensagem relevante. O grande desafio é tentar tirar a “cena” do Facebook para a realidade.
SCUM: Como é de praxe em nosso blog, indiquem bandas nacionais que vocês realmente ouçam. Bruno: Bem, vou falar por mim, Crânula, Angry, Subcut, Test, Hutt, Doidin, Manger Cadavre?, Cursed Slaughter, Homicide, Facada, Expurgo, Meant to Suffer, Infamous Glory, Setfire, Giallos, Desgraciado, Surra, Huey, Labirinto... Com certeza me esqueci de muitas bandas, é aquilo que eu disse, o lado positivo da cena atual é que tem muita banda boa na ativa! SCUM: Obrigado pela atenção. Esse espaço é de vocês! Deixem uma mensagem, passem contatos... Aproveitem como bem entenderem. Bruno: Nós é que agradecemos o espaço! A mensagem é essa, fazer como vocês, não desistir, resistir, lutar por aquilo que você acredita. Parabéns pela iniciativa de vocês. Para quem estiver lendo esta entrevista, muito obrigado pelo apoio, não existe banda se não tem quem prestigie o trabalho. Somos uma banda que gosta de palco e não viver de internet. Então, prestigie as bandas locais, não tem internet que substitua a experiência de ver um show ao vivo. Falando em internet, para saber as nossas novidades e ouvir o nosso som seguem alguns contatos. In Grind We Trust! 

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