Junte duas das bandas de grindcore com mais qualidade do país e o resultado não poderia ser outro: uma obra memorável. In Grind We Trust nos faz pensar do começo ao fim em apenas uma palavra: RESISTÊNCIA. Seis sons do Desalmado e sete do Homicide, que nos dão vontade de separar a balaclava, preparar o coquetel molotov e sair combatendo o "Estado Facista e Toda a Opressão Religiosa". Dois murros na cara do "Cidadão de bem", mais um lançamento honroso da Black Hole.
Indo direto aos sons, o disco começa com uma introdução angustiante do Desalmado, que tem sirenes policiais e falas sobre o genocídio da comunidade pobre e negra por parte da polícia e o Estado, seguidos pelo lema da banda (CONTRA O ESTADO FASCISTA E TODA A OPRESSÃO RELIGIOSA) e riffs pesados. "A ordem dos porcos" segue a brutalidade esperada no combate dos causadores das mazelas. "Hidra" é um som que intercala partes lentas com rápidas, com riffs que grudam na cabeça. O título se refere a bolha imobiliária que iniciou a crise dos EUA, já a letra, é uma crítica direta ao Imperialismo que utiliza da propaganda pra entretenimento, contra o senso crítico. "Em Ruínas" começa com riffs lentos, e com berros desesperados em segundo plano ao vocal principal. De repente, você pode começar o mosh, pois há blasts e toda a velocidade que a temática pede: Serpentes extremistas em ruínas, FASCISTAS NÃO PASSARÃO. Mal nos recuperamos e já temos outra porrada "Eternidade do Medo", seguida de "Diáspora", que é um dos sons que demonstram o motivo de muitas pessoas indicarem a influência do thrash no grindcore da banda. Para nós, a melhor música do Desalmado no split. Vale ressaltar aqui, que a letra fala do sequestro do povo africano, feitos de escravos e, após a abolição, abandonados a própria sorte e até hoje excluídos em nossa sociedade que é, sim, racista.
O Homicide, que agora é um quarteto, nos traz um grind poderoso, com influência de death metal, desde seu primeiro som: "Ilusão Idiótica", que intercala vocais graves com rasgados, em uma letra que aborda a manipulação de massa por parte da nossa querida mídia tendenciosa. Na sequência, "Vosso líder" chega com riffs bem trabalhados e o sentimento de que o falso líder tem que sair do trono, pois esse não é o seu lugar (lembra algo?). "Contra o tempo" é o som mais lento, que aborda a nossa essência diante do fim. O que somos, o que sentimos?. "Estado terminal", com sequências animais e bem encaixadas de blasts beats a riffs marcantes, nos mostram a maturidade que a banda atingiu. A próxima pedrada que te atinge, é a "Causa e efeito", sem esperança no ser humano, questiona as próprias análises e reflexões, embalada por uma dinâmica de som na qual você questiona se não está realmente pirado. "Front reality to dust" e "Stupid" são dois sons com letras em inglês, com instrumental direto, mas com detalhes muito bem pensados. Damos destaque aos backin vocals vomitados, que tanto gostamos. O trabalho se encerra com uma vinheta em inglês que ecoa o ENJOY IT em sua mente. Não tem o que fazer, senão dar o play de novo no split.
Sem nos estendermos muitos (é difícil falar pouco de bandas tão boas que atingiram um grau de qualidade tão alto), não podemos deixar de mencionar a ilustração da capa, feita pelo Marcelo ugusto (Manger Cadavre?), que tem uma quantidade absurda de detalhes (quanto tempo será que ele demorou para terminar o desenho?) a qual você perde um bom tempo observando tudo que tem alí e é impossível não refletir sobre ela.
Finalizamos, indicando que você, amante do grindcore nacional, adquira esse trampo físico, junto a Black Hole o mais rápido possível, pois esse é um daqueles lançamentos que vale a pena demais ter em casa e que não adianta chorar depois que esgotar. Com certeza, um dos principais lançamentos desse ano.
Nota: 9,7
Links relacionados:
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